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Não tenho nenhum talento especial. Sou apenas um curioso apaixonado." (Albert Einstein, Carta a Carl Seelig)

No contexto educacional, educadores e educandos, não poucas vezes são surpreendidos com a pergunta: qual a utilidade disso? Geralmente esta pergunta está associada ao questionamento da aplicabilidade prática ou da utilidade imediata de um determinado "conteúdo", disciplina ou assunto tratado no âmbito escolar. Parece haver um imperativo onipresente que vigia tudo o que se passa no âmbito do ensino e que a todo instante se interpõe como critério absoluto para distinguir o que deve ou não deve ser ensinado ou aprendido. Este imperativo pode ser formulado, em termos gerais, como "aprenda (ou ensine) o que for útil!". 

Ainda que cada contexto educacional - em diferentes países, estados, etc - tenha suas legislações e suas estruturas curriculares e de conteúdos relativamente estabelecidas e que apresentem, em seu conjunto, uma diversidade de áreas do conhecimento - como a BNCC, por exemplo, no contexto brasileiro da educação básica -, abrangendo desde Matemática, Física, Biologia e Língua Portuguesa até Arte, Filosofia, História e Sociologia, não basta apenas que os acordos normativos e legais se estabeleçam e vigorem para que seja aplacada a obstinada força do "imperativo da utilidade". Parece que vivemos sob o império de uma cultura em que a validade e o valor do que quer que seja, inclusive da educação e do conhecimento, é medido pela sua utilidade prática imediata.

No livro A utilidade do inútil, Nuccio Ordine joga com diferentes sentidos das palavras "útil" e "inútil", com a finalidade de provocar para a reflexão sobre o que considera ser o mais importante quando se trata formação humana sob uma perspectiva integral e humanizadora. Como um convite para refletir sobre o assunto, trago um pequeno trecho da referida obra:

"Especialmente nos momentos de crise econômica, quando as tentações do utilitarismo e do egoísmo mais sinistro parecem ser a única estrela e a única tábua de salvação, é preciso compreender que exatamente aquelas atividades que não servem para nada podem nos ajudar a escapar da prisão, a salvar-nos da asfixia, a transformar uma vida superficial, uma não vida, numa vida fluida e dinâmica, numa vida orientada pela curiositas [curiosidade] em relação ao espírito e às coisas humanas."

Ordine nos convida a pensar criticamente sobre qual deve ser o critério ou o valor orientador do processo educacional, questionando os limites do utilitarismo egoísta para a formação de seres humanos livres, autônomos e curiosos. 

Em contraposição ao assédio insistente do "imperativo da utilidade", Ordine nos indica a vislumbrar um dos principais valores a ser tomado em conta quando se trata de compreender, efetuar e valorar a formação humana - seja no ambiente do ensino formal ou informal - é o desenvolvimento da curiosidade. O destaque para a curiosidade se deve ao fato de que ela é o motor do desenvolvimento humano em todos os aspectos, sobretudo das ciências. Nos esquecemos que gênios como Galileu ou Newton cultivaram sua curiosidade sem estar obcecados pelo útil e que suas descobertas são úteis e aplicáveis não pelo fato de terem chegado a resultados que somente um espírito livre e curioso - que muitos diriam ser uma inutilidade - poderia chegar.

 

Prof. Diego Ecker

 

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